Nunca gostei do Natal dos Hospitais. Lembro-me da xaropada que começava depois do almoço e só terminava noite fora. Como só havia dois canais e estava mau tempo para brincar na rua era o pior dia das férias de Natal. Eram cantores decrépitos em play-back, apresentadores mais decrépitos ainda e pelo meio sorteios de televisores para a Santa Casa da Misericórdia de Cabeceiras de Basto e para o Hospital de Moimenta da Beira. Quase tão deprimente como as sms de boas festas com estrelinhas feitas de asteriscos e bonecos de neve com parêntesis.
O trauma é tão grande que nem sei se ainda faz parte da programação. Mas consigo imaginar como serão: na RTP, Eládio Clímaco e Margarida Mercês de Mello apresentam um programa onde o Tony Carreira aparece 30 vezes. Pelo meio, repetições do programa da Catarina Furtado e de “Os Contemporâneos”.
A TVI põe a Júlia Pinheiro e a Cristina Ferreira a berrar aos ouvidos de um grupo de doentes escolhidos a dedo: cheios de ligaduras, estropiados, muito pobrezinhos e tão feios que não há doutor que os ajude.
O Natal dos Hospitais da SIC vai ser nas urgências do Hospital da Anadia. Fechou? Não está lá ninguém? Não faz mal. Eles estão habituados a fazer programas para as paredes.
É por essas e por outras que Natal só nos hospitais do ER, Dr. House e Anatomia de Grey. Podem ser pirosos e lamechas, mas só duram 40 minutos.
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
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