segunda-feira, 21 de julho de 2008

Delta Tejo no Feminino II - O Momento

1. Primeiro que tudo, a grande novidade: Mariza não chorou, se bem que esteve perto. Tudo bem que o "Ó Gente da Minha Terra" é sempre o mote para o momento kleenex, mas desta vez a fadista aguentou-se. E só lhe ficou bem: chorar a primeira vez é muito bonito e até pode vender discos, a segunda ainda se aceita, para os mais distraídos e tal, mas a partir da terceira já é exagero, a senhora que se acalme. Quer-me parecer que Mariza já percebeu isso mesmo.

2. O que uma é de mais, a outra é de menos. Se Mariza gosta muito de ter a emoção à flor da pele, Adriana Calcanhotto é a constância em pessoa. Daquelas que às vezes até dá vontade de abanar para ver se reagem, ou pelo menos acordam. Quem gosta, gosta, quem não gosta, vá até ao palco secundário ver os Clã a ver se ela se importa.

3. Por mais que tente, Ana Carolina não foi feita para o estilo baladeiro a puxar ao coração estilo ai-que-sou-tão-desgraçada-o-meu-amor-me-deixou. Ana Carolina é raiva na voz, é indignação no tom, é mágoa na melodia, é revolta no tempo. Mesmo naquelas mais calminhas que até não lhe ficam mal, vá, como a "Carvão" ("Mas bati minha raiva no portão"). E é também o impossível feito possível: só Ana Carolina consegue pôr 20 palavras num verso que o comum dos mortais enchia com cinco e ao cantá-lo ficava sem ar à terceira palavra. Ana Carolina é isto e "Cristo de Madeira" é a prova dos nove que faltava. Foi a música e o momento do Delta Tejo no Feminino:

Sem comentários: